Por Miriam Leitão - O GLOBO ON LINE
Na contramão das demissões, a indústria de cosméticos e produtos de beleza está contratando. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor fechou os dois primeiros meses de 2009 com crescimento de 3,36% no pessoal contratado em relação ao primeiro bimestre de 2008. No "chão de fábrica", ou seja, na mão de obra para a produção, o aumento nas contratações foi de 6,67%.
- A produção não foi afetada e o setor está contratando. Antes, a indústria vinha empregando mais nas áreas de administração e serviços, já que muitas estavam implementando ações de logística. Então, as novas admissões eram raras na fábrica, mas, agora, as contratações são para a produção das fábricas - explicou o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio.
Segundo ele, em pesquisa realizada com cerca de dois terços das indústrias do setor, 33% delas responderam que em fevereiro venderam dentro do esperado, 21% venderam acima do que previam e 44% tiveram resultados abaixo das expectativas. Para este ano, a previsão é da indústria de cosméticos e higiene crescer 5%, mas esse percentual pode ser maior.
- Se para o Copom a tendência é de queda da taxa de juros, para nós, a tendência é de crescimento. Com certeza, vamos ter uma alta maior - disse Basílio.
Ele não arrisca, agora, dizer o quanto seria esse percentual maior e prefere fazer isso ao fim do semestre. Isso porque a expectativa do setor é terminar o primeiro trimestre deste ano com um faturamento 14% maior que o primeiro trimestre de 2008. Porém, esses números estariam inflados porque em fevereiro do ano passado entrou em vigor, em São Paulo, a substituição tributária. Só para se ter uma ideia, o faturamento de fevereiro deste ano foi 23,7% maior que o de fevereiro de 2008.
Por fim, um outro dado do setor, desta vez causado pela crise: cresceu 14% em fevereiro o montante de empréstimos das filiais brasileiras para as suas matrizes no exterior. Isso por causa da falta de crédito internacional.
- As matrizes estão enxugando suas filiais significativamente, a ponto de pedir seu capital de giro, porque não conseguem crédito nos bancos internacionais, que estão quebrados. E esse não é um movimento só do nosso setor - disse o presidente da Abihpec.
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