sexta-feira, 27 de março de 2009

Moacyr Goes: Um crime monstruoso

Diretor de teatro e cineasta

A pedofilia é praticada em toda parte do mundo e em todas as esferas sociais. Não é coisa de pobre ou de rico. É a vitória da bestialidade, do instinto selvagem que habita o homem frente à civilização.

Otávio Paz, grande poeta e ensaísta mexicano, escreveu o livro “Amor e Erotismo: A dupla chama”. Nele, distingue sexualidade e erotismo, defendendo a ideia de que no homem, e só nele, a vontade sexual comparece com o amor e a fantasia, desvinculado do instinto meramente reprodutor.

O erotismo compreende afeto, desejo e integridade do outro e afirma a humanidade que constrói a convivência entre os indivíduos em civilização. Nelson Rodrigues escreveu grande parte de sua obra sobre o embate travado no Homem entre seus instintos primitivos e os interditos civilizatórioS, aquilo que compactuamos ser certo.

Por isso, foi tão pouco entendido, erradamente criticado, até acusado de imoral.

O que deve nos preocupar é a grande incidência da pedofilia entre nós, pois isso é tradução evidente da nossa precariedade, da debilidade dos valores morais e éticos na sociedade brasileira. Por um lado, devemos afirmar valores, leis, interditos e, por outro, atentar para o cuidado com as crianças.

Vivemos a era da individualidade, que vira individualismo, da busca pelo prazer a qualquer custo, da afirmação do eu. Não temos tempo para dar, não aceitamos abrir mão em proveito da educação e cuidado com os filhos.

Não tenho medo de parecer conservador ao afirmar que a ideia de família é fundamental, constitutiva de uma vida saudável; e isso nos soa careta, ultrapassado. Vamos pagar por isso.

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