domingo, 29 de março de 2009

Frei Betto: Senado em crise

Autor “Calendário do Poder”

Rio - O Senado acaba de extinguir 50 das suas 181 diretorias, das quais 70% criadas pelo senador José Sarney (PMDB-AM), ao presidir a Casa entre 2003 e 2005. Esse pequeno corte representa economia anual de R$ 4,8 milhões.

Diretorias cassadas não significam diretores desempregados. Perderam apenas o cargo e, com ele, algumas mordomias, como gratificação mensal (variável de R$ 2 mil a R$ 5 mil), uso de celular (conta paga por nós) e a vaga na garagem do Senado.

Reza um antigo provérbio latino: “Senatores boni viri, senatus autem bestia” (Os senadores são boas pessoas, mas o senado é uma besta). Na verdade, bestas somos nós, que nem sempre somos criteriosos ao eleger nossos políticos. É verdade que, entre os 81 senadores, há aqueles que primam pela ética, não se deixam picar pela mosca azul e até ousam denunciar que a corrupção grassa entre alguns de seus pares.

O mal do Senado é endêmico na máquina pública: a cultura do Ascone – Assessor de Coisa Nenhuma. Balança-se a árvore dos ministérios, das estatais, dos governos estaduais, das assembleias legislativas, das câmaras de vereadores e das prefeituras e se constata que há uma legião de funcionários dispensáveis.

O político safado não tem escrúpulo em cavar um emprego público para o cabo eleitoral, o filho do correligionário, o afilhado da cunhada. E, quando a imprensa cumpre o seu papel de fiscalizar como é gasto o dinheiro do povo, há senadores que acusam a mídia de exagero. Os políticos jamais deveriam se sentir incomodados por prestar contas à opinião pública. É o dever deles.

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