terça-feira, 7 de abril de 2009

Exemplo de integração entre a escola e a favela

Ciep no Complexo do Alemão deixará de ter muros e será o primeiro de 88 a ser remodelado

POR CHRISTINA NASCIMENTO, RIO DE JANEIRO

Rio - Derrubar muros, colocar janelas nas salas fechadas, pintar paredes com cores simbólicas, instalar nova iluminação e fazer do espaço livre do pátio uma espécie de Jardim Botânico. A proposta, que aos poucos sai do papel, vai chegar a todas as 88 escolas estaduais em áreas de risco. O Ciep Theóphilo de Souza Pinto, na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, será o primeiro a ser remodelado pela Secretaria Estadual de Educação.

As salas vão ser brancas, os corredores, azuis, e a estrutura externa, amarela e laranja, em referência ao sol, numa escola cujos alunos se acostumaram a dividir atenção entre as aulas e os tiros vindos da comunidade. “Cada cor tem um motivo. O azul passa tranquilidade e incentiva a imaginação. Essa escola tem uma posição central na favela. Em vários pontos da comunidade ela é visível. Então, por que não torná-la o sol? Já a ideia de retirar os muros é para vazar a escola para a comunidade. Os pais vão acompanhar os filhos do portão de casa. É uma forma de criar a sensação de pertencimento aos moradores. Eles vão cuidar da unidade, porque ela se tornará visível”, explica o designer gráfico Luiz Stein, responsável por reformular o Ciep do Complexo do Alemão.

A mudança visual dos prédios faz parte de uma estratégia do governo do estado para resgatar a autoestima dos estudantes. A remodelagem das escolas públicas passa também pelo aspecto pedagógico. Além das aulas regulares, os alunos de unidades do estado em locais de risco terão oficinas culturais, atividades esportivas e atendimento médico.

“Defendemos que a interação entre escola e comunidade deve ser permanente. O projeto que levaremos a diversas áreas tensas e que se inicia pelo Alemão parte das demandas da comunidade. Os profissionais que estão trabalhando na reforma foram recrutados entre os moradores. Com ações como essa, queremos que os moradores façam parte do dia a dia das escolas”, explica a secretária estadual de Educação, Tereza Porto.

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